"os fulani mataram dois dos nossos irmãos, a tiros", disse ela. (Foto: Reprodução). |
Atualmente, a Nigéria é o 12º país na lista
de Classificação da Perseguição Religiosa. Em algumas regiões do norte os
níveis de violência contra os cristãos são extremamente elevados e as fontes
dessa violência é bem variada. No Cinturão Médio, região de convergência de
domínios culturais, onde ao sul ficam os cristãos e ao norte os muçulmanos, a
pressão dos pastores fulani (povo pecuarista nômade) tem aumentado demais.
O objetivo dessas investidas é de extinguir
o cristianismo do outro lado. Essa violência, que faz parte da ideologia
expansionista deles, inclui ataques contra os cristãos, suas fazendas, lojas e
casas, bem como roubo de gado, confrontos étnico-religiosos, rapto, entre
outros crimes.
Em um encontro com o Ministério Portas
Abertas para uma visita de encorajamento, a viúva nigeriana Christiana (nome
fictício por questão de segurança), vive no Nasarawa e conhece bem esse
cenário. Ela aceitou o pedido de contar sua história. "Ao olhar para as
câmeras, ela parecia um pouco cansada. Soubemos que ela tem hepatite e suas
forças diminuíram, mas ela transmite muita esperança através de sua voz e tem
ousadia nas palavras", comenta um dos analistas de perseguição.
De acordo com ela, tudo o que aconteceu em
sua vida foi para o bem. "Conheci meu marido em 1986, quando cantávamos no
coral da igreja. Tivemos nove filhos, mas dois morreram. O meu marido foi para
o seminário teológico e, quando terminou seus estudos, voltou para a nossa
aldeia em busca de uma igreja onde pudesse ser útil, como não havia nenhuma,
ele mesmo foi o fundador. O tempo passou e, em fevereiro do ano passado, os
fulani mataram dois dos nossos irmãos, a tiros", comentou.
Fuga constante
"Fomos falar com os chefes, e eles
pediram para termos paciência e que aguardássemos até o dia seguinte para
discutir o assunto. Na mesma noite, eu acordei com um barulho muito alto na
comunidade. As pessoas gritavam: 'os pastores fulani estão chegando, fujam’.
Nós também tivemos que correr. No caminho, vimos a nossa sobrinha jogada num
rio”, relatou durante a entrevista.
Christiana revelou mais detalhes da fuga e
conta sobre a morte de seu esposo. “Tivemos que parar, puxamos o corpo e
rapidamente a enterramos numa cova rasa. Então nos perdemos das outras pessoas.
Meu marido achou melhor voltar para casa e pegar a moto. Ele foi e eu continuei
correndo. Ele me pegaria no meio do caminho. Mas depois daquele dia nunca mais
nos vimos. Eu encontrei um local seguro e depois soube que ele morreu de uma forma
muito triste. Nossa aldeia foi queimada com tudo, nossas casas, nossas
plantações, os corpos dos nossos familiares que morreram no confronto, mas não
queimaram nossa história", disse.
"Depois de contar sua história,
pedimos a permissão para tirar uma foto, então ela olhou para a câmera e
mostrou sua força através de um sorriso. Foi quando sentimos que os nigerianos
são assim, eles são fortes apesar de tanto sofrimento, e eles gostam da
oportunidade de se unir à igreja que é livre de perseguição para compartilhar
uma fé inabalável. Parece que falar sobre a dor que sentem dá certo alívio a
eles", comenta um dos analistas de perseguição.
Perseverança
A viúva ainda falar sobre como ela segue em
frente com seus sete filhos. "Eu tenho os meus dias tristes, então eu leio
o livro de Jó, que perdeu tudo, mas Deus o restituiu. Ele nunca cedeu e nem
perdeu a fé, antes, porém, perseverou até o fim. Eu perdi meu marido, e ele
cuidava de mim, agora eu luto até pela saúde, mas eu sei que Deus está no
controle, Ele cuida de mim agora e minha fé me faz caminhar", afirma.
"Quando a questionamos sobre o que mais necessitava, ela simplesmente
pediu orações por ela e pelos filhos", conclui o analista.
Por Karlos Aires, com informações do Ministério Portas Abertas
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