O OFÍCIO DA ESTÉTICA, DA FUNCIONALIDADE DA
PROPOSTA DA BELEZA, ONDE A HARMONIA DO TALENTO CASA COM O CÁLCULO PARA O
RESULTADO.
Foto: Fabio Mesquita (Grão novo) |
É interessante quando Musashi, grande
Samurai Japonês, da era em que os samurais eram uma espécie de cavaleiros
medievais para o Japão, escreveu em seu livro: O Livro dos Cinco Anéis, uma
feliz comparação entre a arte militar e a arte do carpinteiro. Musashi diz: “Se tem pleno domínio das
técnicas e primam pela excelência em seu ofício, executando com exatidão as
medidas, tornar-se-ão posteriormente mestres-carpinteiros.”
Para
Musashi, assim ele conceitua, que carpinteiro, em sua cultura “daiku”,
significar “O Grande planejador”. É bem curioso a simplicidade dessa arte
diante da grandiosidade desse conceito. Que nos provoca uma bela reflexão sobre
a primazia da exatidão com que se exerce um ofício.
O
fato é que o texto remeteu- me a pessoa
de Cristo. Quando Deus escolhe a mulher, a qual irá dar a luz ao seu filho, ele
escolhe, justamente, uma mulher cujo destino está traçado para viver com um
carpinteiro. Cristo, que nasce como fruto de um ato divino, provocado pelo
Espírito Santo. Nasce dentro de uma casa onde o ofício é a carpintaria. Que
curioso tal fato. Para mim, casa a grandiosidade da sua missão com a essência
desse conceito traduzido por Musashi.
Vejo
que há muita relação. Há uma ligação direta entre a pessoa do Cristo e a arte
da Carpintaria. Este homem, que nasceu
para impactar uma geração, veio com a
proposta de libertar um povo no campo das ideias, no campo do raciocínio e da
compreensão do conceito de Deus, por maio de suas propostas, sua vida, suas
lições e principalmente da aproximação dos homens com o ser divino.
Cristo
foi um expert da arte do planejamento. Um homem que surge em uma era cheia de
grandes limitações técnicas em comunicação, em infra-estrutura e em mobilidade
acaba se valendo de todos os recursos cabíveis de sua era para trasformar um
deserto em um verdadeiro manancial de explosões provocativas para a cultura de
sua época.
Por
ser um estrategista, nada impediu Cristo de realizar sua missão. Por conhecer
seu cenário, conhecer os mecanismos e saber do impacto de cada ação, Cristo vai
a frente, construindo sua mensagem de forma inovadora, surpreendente e se
valendo dos canais de comunicação de massa que a sua era possuía.
Quem
planeja não encontra limites. Quem planeja encontra a transformação das
dificuldades em oportunidades para a realização de seus objetivos. O
interessante dessa ideia é a base da carpintaria. A importância dele ter
passado por lá. Deus, sumo conhecedor de tudo, e, sabendo da grande missão que
Cristo haveria de encarar, levou- o de
forma propositada para ser filho de um carpinteiro. Lá, Cristo pode exercer a
ideia do plano criativo. Ver uma peça de madeira como uma cadeira, mesa, banco
ou algo parecido, antes mesmo da peça nascer. Isso é o espírito estratégico.
Ter a oportunidade de visualizar o objetivo desejado, concretizado, mesmo ainda
nos primeiros pontos pré-estabelecidos. Nada foi atingido, mas o estrategista
já vê o resultado alcançado.
Na
carpintaria, há a necessidade direta do cálculo matemático. Para que o objeto
que ainda vive no plano da ideia ganhe forma, função e existência, a matemática
precisa entrar em campo para que cada encaixe ganhe as devidas e corretas
formas, para que cada detalhe se aplume de forma harmônica e perfeita, para que
o objeto desejado assuma a sua função no mundo.
Na
carpintaria, aprende- se a respeitar o tempo. Para cada projeto, cada meta,
cada trabalho, há um tempo que se vale e se faz necessário para que o que mora
do campo das ideias ganhe formato. O tempo é o senhor da perfeição.
Para
cada ponto do projeto, há o custo necessário para a sua realização. Quando se sonha e quando se
tem alvo para ser atingido, o custo do investimento deverá ser calculado para
que não haja interrupções desnecessárias e que o projeto não perca a sua
essência.
É
na carpintaria que se busca o belo. A beleza ganha função na vida das pessoas.
A cadeira, a mesa, o móvel central, tudo tem uma função prática e uma beleza
exclusiva que a torna única, intrasferível, pessoal e que dá mobilidade a vida.
Torna a vida simples. O belo faz da vida um mecanismo mais simplicado para ser
seguida.
É
na carpintaria que encontramos a proposta da estética aliada a uma função
prática funcional e a necessidade do cálculo para a construção e trazer ao
tangível o objeto imaginado.
É
na carpintaria que o carpinteiro conhece sua limitações técnincas. É lá onde
ele trabalha sua arte, conhece até onde pode ir e trabalha para se aperfeiçoar
e, com isso, busca o pleno desenvolvimento e se torna um carpinteiro-mestre.
Segundo
Sun Tzu, em seu Livro a Arte da Guerra, “O General que perde a batalha faz
apenas poucos Cálculos de antemão.
Assim, muitos cálculos levam à vitória e poucos cálculos, à derrota.” Ou
seja: O cálculo está em relação direta com o belo, com a vitória e com a paz.
Trocando
em míudos: nós, os estrategistas de hoje, temos de cumprir nossa missão com o
mesmo rigor do carpinteiro, conhendo bem nossos limites e aperfeiçoando-nos
sempre para transcedermos as nossas limitações, com humildade, sabedoria e
análise, conhecendo bem o cenário e transformando dificuldades em
oportunidades.
Fábio Mesquita Torres | Publicitário da Grão Novo
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