Quando o “Nossa Brasilidade” quebrou tabus cristãos em Fortaleza

Foto: Karlos Aires

Se você é um cristão tradicional, eu te alerto que este texto pode te assustar um pouco. O que você vai ler aqui é algo que pode vir de encontro com o seu “padrão crente de ser”, mas se você quer se atualizar sobre um novo jeito de “curtir boa música”, avante companheiro.

Demorei para escrever isto porque sinceramente ainda não tinha formado minha opinião sobre tal eventualidade. Precisei ouvir algumas opiniões e finalmente me situei do que está acontecendo. O meio “gospel” está mais alternativo que nunca.

No dia 14 de novembro de 2013 (uma quinta-feira) houve em fortaleza um evento diferente de todos que eu já vi (todos do meio cristão). O “Nossa Brasilidade” veio para quebrar paradigmas dentro da igreja evangélica. Os questionamentos começaram ao me sentar e observar a apresentação do “Sal Surfistas”, um grupo (que não sei definir se era secular ou cristão) que cantou de Luiz Gonzaga a Bob Marley.

Logo depois, sem muita demora, veio a atração principal: Marcos Almeida e Lorena Chaves. A primeira canção? “A guerra dos meninos”, um clássico de Roberto Carlos. Foi nessa hora que eu me perguntei: esse evento é voltado para que público? Confesso que me vi perdido ali, sem saber a proposta do show.

O que eu fiz? Saí a perguntar o que a galera estava achando do evento. Todos estavam curtindo. Fui mais a fundo e perguntei a algumas pessoas (durante o show) o que eles achavam dessa proposta de um show aparentemente cristão fazer essa mistura entre o gospel e o secular. Uma das pessoas me disse que a proposta era ótima e que o cristão deve curtir um pouco de “cultura”. Não conformado com aquelas respostas voltei a memória as palavras do produtor do evento: “é um show pra quem curte boa música”.

Perguntei a um amigo que é jovem e cristão fervoroso o que ele tinha achado da inserção das músicas seculares em um evento para crentes. Ele achou desnecessário. Então, depois de alguns dias refletindo sobre, entendi que esse evento nem é genuinamente cristão, nem secular. É um meio termo. Eu vi crentes cantando Bob Marley, será que isso acontece na igreja deles? Não duvido muito nesse novo cenário gospel.

De alguma forma virei fã dessa dupla.
Eles cantam bem pra caramba.

Mas o fato é que o evento foi um sucesso. Todos os fãs da dupla estavam em coro cantando as canções autorais, eles realmente acompanhavam a carreira deles. Se o evento foi bacana? Até foi, mas em nada fui edificado? Se aquela letra me tocou de alguma forma? Não. Foi bonito de ver, a organização, a musicalidade, o talento de Marcos e Lorena é indiscutível. Mas vou confessar que ainda prefiro aqueles eventos onde vejo as pessoas se quebrantando diante da presença do Deus vivo. Vidas sendo curadas, restauradas, rendidas aos pés de Jesus.

E quero ressaltar que isto não chega a ser uma crítica direta ao evento, a final, o público que ali estava era bem diferente do que eu estou acostumado a ver. Um público “gospel alternativo” como costumo chamar. Para a proposta do show, foi um sucesso. Parabéns a dupla Marcos Almeida e Lorena Chaves pela musicalidade e talento (junto com o cara que tocou as canções com eles). Virei admirados deles e até tirei uma foto para registrar esse dia. Parabéns ao organizador do evento, local show de bola, acústica muito boa e produção nota 10.

Agora passo a bola pra vocês, amigos leitores. O que vocês acham desse movimento “alternativo gospel”? Aguardo o feedback de vocês (mesmo sabendo que vou ganhar muitas críticas ácidas por aqui). Um abraço a todos e até a próxima.

Por: Karlos Aires (editor do Mix Gospel Ceará)